Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Qualibest, em 2017, 9 em cada 10 brasileiros têm medo de envelhecer.
Sem dúvida, é de se imaginar que qualquer pessoa possa estar sujeita a um certo temor quanto ao seu envelhecimento, ou mesmo ao envelhecimento de seus parentes, em especial, seus pais. De fato, é como enfrentar o desconhecido. Dá um certo frio na espinha.
Reações assim são normais, bem aceitáveis e, muitas das vezes, até benéficas, pois nos ajudam a refletir sobre o tema e nos obrigam a tomar certos cuidados e preparos.
Entretanto, quando exacerbadas, a ponto de se tornarem fobia (gerontofobia ou gerascofobia), aí a coisa fica séria e deve ser tratada.
A gerontofobia é o medo persistente e anormal sobre o envelhecer e tudo que se relaciona com a velhice, ocasionando ansiedade e depressão, pois sua perspectiva para o futuro é sempre negativa. Sendo assim, não consegue sonhar nem imaginar algo agradável longe da juventude. Há pessoas que preferem morrer jovens, a envelhecer. Triste, não?
Vivemos em uma sociedade que supervaloriza a juventude, a beleza a vitalidade. Normalmente, a publicidade e as matérias que tratam desse tema, em geral, mostram a figura do idoso ideal com características de jovem. Aquele idoso, “sarado”, praticando surfe ou aquela idosa, “descolada”, saltando de paraquedas, passando a mensagem de que a velhice ideal seria a negação da mesma. Fala-se pouco da sabedoria presente nas pessoas que envelheceram, nas oportunidades de desfrute, no acervo do ativo tempo, em especial o livre. Como disse o Papa Francisco, a velhice é a sede do conhecimento. Acrescente a essa receita o fato de haver uma campanha constante em atribuir aos mais velhos a culpa por todas as mazelas do mundo moderno, com um combate ao tradicionalismo e um preconceito com relação a uma suposta incapacidade dos idosos se adaptarem as novas tecnologias, etc., torna-se compreensível o fato de que ninguém queira envelhecer ou insista na busca pela fonte da eterna juventude.
Deveríamos, como sociedade, repensar esses maus hábitos e nos espelhar no modelo dos povos orientais, em que o idoso goza de prestígio e é valorizado e tratado com dignidade. No Japão, por exemplo, existe o dia do respeito ao idoso (keiro no hi) que é comemorado na terceira semana de setembro. Nesse dia, as pessoas com mais de sessenta anos recebem presentes e homenagens dos familiares, que os reverenciam com gratidão por tudo que fizeram em prol da família. Não por acaso, é a nação com maior número de pessoas centenárias.
Enquanto indivíduos, devemos nos cuidar, fazer atividade física, ter uma rede de apoio social, fazer terapia, aceitar a realidade e buscar nos conhecer profundamente, permitindo sabermos lidar com mais segurança o processo de envelhecimento.
Algumas dicas que podem ser úteis no enfrentamento desse medo:
1. Deixar de idealizar a juventude e não se apegue em recordações do passado, que não nos levarão a parte alguma.
2. Concentre-se no aqui e agora. Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida. Aproveite!
3. Entenda a velhice como uma etapa qualquer de sua vida e que não necessariamente se associe a perdas, solidão ou deterioro físico grave. Adapte-se as inevitáveis mudanças da vida. Rompa com as falsas crenças sobre o envelhecer e foque em criar o seu próprio modelo de ser.
4. Não esconda sua idade por detrás de custosas intervenções cirúrgicas ou tratamentos que prometem milagres. Potencialize sua autoestima: você vale muito, com ou sem rugas!
5. Esforce-se para aprender algo novo a cada dia. Olhe com curiosidade tudo o que está ao seu redor.
6. Faça coisas para ter uma vida mais saudável: um pouco de esporte, não fumar, cuidar do seu círculo de amigos, etc. Faça um novo velho amigo a cada dia.
“Se não plantamos a árvore da sabedoria quando somos jovens, ela não nos emprestará sua sombra quando formos velhos” (Conde de Chesterfield)
Vida longa e próspera!