Selo EAI

A nova realidade mundial tem nos mostrado a importância de promover a Inclusão Social, de forma intensiva e consistente, desenvolvendo-se uma consciência que seja capaz de eliminar disparidades, injustiças e preconceitos, promovendo relações mais humanizadas, harmônicas e sustentáveis. Notamos isso em amplo espectro, que passa por discursos e ações que defendem causas como o fim do racismo e preconceito, o empoderamento feminino, a defesa do meio ambiente, entre outros temas igualmente relevantes. Na contrapartida dessas investidas, temos uma realidade que vem se intensificando e agravando, mas que na prática tem ficado à margem dos holofotes e da atenção das políticas públicas, da ação de ONGs e do marketing de causas, que é o envelhecimento populacional.

Dados oficiais apontam para o fato de que até 2050, cerca de 35% da população mundial será de idosos (acima de 60 anos). Hoje, esse número beira os 17%. No Brasil, segundo o IBGE, a população atual com 50 anos ou mais já alcança mais 25% de seu total e representa cerca de 30% da movimentação financeira do país. São cerca de 30 milhões de idosos (60+), número que aumentou em 9 vezes nas últimas 6 décadas.

Frente a todo recente cenário de Pandemia e de nova consciência humanitária, empresas se sensibilizam e passam a investir cada vez mais forte no marketing de causas e em responsabilidade social. Estudos mostram, no entanto, que menos de 5% de todos esses esforços são dirigidos ao público sênior e, esse pouco, geralmente relacionado a temas ligados à saúde e a vulnerabilidade do idoso. Ignoram que a turma de idosos de 2050 já está entre nós.

Está na hora da iniciativa privada despertar para a relevância deste público e atuar de forma coerente com suas falas, tendo em suas pautas, agendas que privilegiem, enobreçam e respeitem as diferenças e demandas desta massa, que em menos de 20 anos irá superar o número de crianças de até 14 anos.

Foi pensando nisso que nós do Instituto Chronossomos e a Proprietà BBG, consultoria em gestão, desenvolveram o Selo Empresa Amiga do Idoso – Selo EAI, visando apresentar ao público 50+ e ao mercado em  geral, quais empresas efetivamente possuem estratégias e práticas que reconhecem o valor dos cabelos brancos e destinam atenção, recursos e energia voltadas a sua atenção, a promoção e prolongamento da plena autonomia, a integração e a ativa participação dos seniores na sociedade.

Dada à realidade emergente do tema, foram estabelecidas duas Categorias de Empresas que podem fazer jus ao Selo EAI. São elas:

1. 1. Empresa Compromissada – Destinado a aquelas que assumem compromissos, patrocinam e promovem a causa da valorização do público 50+.
   2. Empresa Destaque – Conferido, após auditoria de boas práticas, a partir de critérios específicos, podendo as empresas se candidatar, de modo espontâneo, ou serem convidadas por demonstrarem efetivas ações em prol da valorização espontânea do público.
      
      

No caso das Empresa Destaque, as empresas são avaliadas com base em indicadores qualitativos e quantitativos, divididos em 3 categorias, que são:

• Práticas Mercadológicas
• Políticas Internas
• Impacto e Responsabilidade Social
  
  

Apenas para ilustrar melhor como ocorrem essas avaliações, no quesito Práticas de Mercado, são analisados diversos aspectos, dos quais destacam-se:

• Participação do público sênior nos resultados financeiros da empresa (% da receita);
• Adoção de práticas de estratificação e análise específicas deste público (avaliações de níveis de satisfação, demandas e requisitos específicos, etc.);
• Emprego de estratégias específicas (ex: canais de comunicação focados em atender adequadamente esse público, mídias, canais de atendimento diferenciados, linguagem e tipografia/tamanho da letra nas embalagens/bulas/manuais, etc.);
• Consciência e consideração quanto às restrições do público sênior, em suas inovações (ex: bancos que cancelaram o envio de Informes de Rendimentos de todos os seus clientes, por alegarem que as informações estariam disponíveis em meios eletrônicos, aos quais boa parte dos correntistas idosos não acessam, etc.);
• Ações que resguardem o emprego de práticas comerciais enganosas ou extorsivas, que busquem tirar proveito de eventuais fragilidades ou vulnerabilidades (ex: combate a vendas de produtos indevidos, como gerentes de bancos que empurram produtos financeiros inadequados, títulos de capitalização a clientes crédulos, etc.);
• Ações que combatam golpes comerciais, envolvendo a oferta de soluções da empresa ou cobranças indevidas (ex: fraudes em contas de consumo, etc.);
• Análise da correlação entre investimentos voltados a atenção do público 50+, sejam em inovação, desenvolvimento de produtos & serviços, marketing, etc., com o resultado gerado por esse público;
  
  

No quesito Políticas Internas, destacamos os seguintes aspectos:

• Participação do número de colaboradores com 50 anos ou mais no quadro de funcionários e sua distribuição entre os níveis e departamentos da empresa, buscando-se uma distribuição coerente, levando-se em conta perfil de competências;
• A existência e emprego de políticas de valorização da “prata da casa”, com ações que reconheçam e recompensem a lealdade dos profissionais;
• Preocupação legitima com o futuro de seus funcionários (ou colaboradores), comprovada através de ações efetivas de oferta de assistência médica extensiva, planos de previdência complementar incentivadas, planos de fase out, etc.
• Histórico de demissões (turnover), verificando-se índices etários, visando verificar uma não incidência percentual de cortes mais frequentes sobre os 50+ e os profissionais próximos a alcançarem a aposentadoria;
  
  

 Por fim, no quesito Responsabilidade Social, focamos a avaliação nos seguintes itens:

• Participação em ações e investimentos dirigidos ao público sênior, novamente buscando-se mínima correlação percentual desta com a efetiva participação do referido público nos resultados;
• Compromisso declarado e comprovado em direcionar esforços para atender, de forma prioritária, o público sênior;
• Incentivo a atuação voluntária de seus colaboradores e parceiros em ações voltadas ao público 50+;
• Acolhimento e tratamento dirigido aos ex-colaboradores que se afastaram em decorrência de suas aposentadorias;
• Entre outras.
  
  

Naturalmente que, pela sua recente criação, visionamos um aumento considerável e intenso do numero de empresas certificadas, que terão direito a expor e divulgar esses méritos e serão devidamente apresentadas em nossas mídias, site e em eventos destinados a nossos associados e ao público em geral.

É de se esperar que o interesse das empresas, pela obtenção desta “certificação”, esteja diretamente relacionada com a relevância do público 50+ em seus negócios e resultados.

Entretanto, na prática, estamos longe de verificar tamanha coerência e a mínima percepção da relevância desta questão nas empresas. Apenas para ilustrar, basta olharmos para os Relatórios de Responsabilidade Social da maioria das Empresas. Gigantes da indústria farmacêutica, líderes em medicamentos para o tratamento da diabetes e de doenças cardiovasculares, que potencialmente obtém junto ao público 50+ uma fatia bastante expressiva de sua receita e market share, pouco ou nada destacam em termos de ações sociais voltadas a esse público.

Em contrapartida, outra gigante, destacada pela fabricação de um renomado medicamento para o trato da disfunção erétil, já apresenta ações que abordam esse público, porém sem dar o devido destaque.

Essa demonstração acima buscou apenas esclarecer e detalhar melhor a situação existente. Infelizmente, dados sobre políticas e práticas empresariais não estão tão disponíveis abertamente, para serem igualmente destacadas.

Por fim, nossa intenção com este trabalho, em primeiro lugar, é o de trazer a tona um importante aspecto sobre o descaso e a exclusão que atingem um público que cresce a cada dia, mas que atualmente não encontra espaço, nem eco, em um ambiente cada vez mais digitalizado e “desumano”.

Sem haver o reconhecimento da relevância desse público e o acolhimento visionário de empresas que tenham real preocupação social e, mesmo, empresarial com esses “sem voz”, nos tornaremos uma civilização envelhecida alijada de uma sociedade digital, conectada e inovadora, porém incapaz de reconhecer e zelar por seu próprio senescer.

Além de possibilitar a chance de promover esse reposicionamento relacional, junto ao público sênior, daremos a estes mais ferramentas para que possam efetuar suas escolhas, considerando o fato de as empresas lhes demonstrarem efetivo respeito e consideração.

Para a obtenção do Selo Destaque EAI, o processo transcorre em 3 etapas:

1. Pré-Avaliação – visando, de forma macro, apurar coesão de resultados e práticas, além de mapear gap’s e apontar oportunidades que se consolidem em um Plano de Ajustes e Melhorias (PA&M) de curto prazo;
2. Monitoramento e apoio a implantação do PA&M – verificando-se a evolução das ações e promovendo-se ajustes de rota;
3. Auditagem e Certificação – realização de processo formal de apuração/auditagem dos critérios, aprovação (ou reprovação) e classificação do grau/nível de intimacy e convergência com a inserção, respeito e valorização do Idoso.

A princípio, o reconhecimento se dará considerando-se o Porte da Empresa, sendo conferido as Grandes Empresas em 3 graduações, de modo a reconhecer boas práticas, mas também, estimular as empresas a avançarem e alcançarem lugar de destaque junto ao público sênior.  Esses níveis são mensurados mediante referências máximas e apresentados nas categorias de 3, 4 e 5 estrelas, sendo esta última alcançada através de um pleno atendimento aos requisitos listados, tendo a validade de 2 anos, quando nova avaliação deve ser conduzida de modo a se assegurar a manutenção ou aprimoramento das práticas e resultados.

Empresas Compromissadas e Comprometidas